Kinesianos, eu acredito que todos os dias são, sim, dias das mulheres, mas hoje, 8 de março, é um data muito importante, na qual devemos nos lembrar de toda a luta por direitos do gênero feminino durante a história da humanidade, as conquistas e sobretudo, momento (e agora falo diretamente com as mulheres) de entender que ainda há muito o que defender e conquistar. Por isso, resolvi falar sobre a história de uma personalidade atual bem marcante, a paquistanesa Malala Yousafzai.
"Nossas vozes são mais poderosas que armas"
Quem é Malala Yousafzai?
No século XIX, existiu uma menina afegã chamada Malalai de Maiwand, que ao perceber que seu povo estava desistindo da batalha contra os ingleses, estimulou seus compatriotas a vitória contra os britânicos, em 1880, indo ao campo de batalha para unificar uma força afegã desmoralizada com um verso sobre o martírio: "É melhor viver como leão por um dia, do que viver como escravo por 100 anos.". Quando não havia mais esperança, foi essa jovem que ergueu a voz e encorajou os afegãos a conquistar a vitória. Infelizmente, mais tarde foi atacada e morta.
Muitos anos depois nascia no Vale do Swat, Paquistão, uma menina. Foi a primeira em 300 anos a ter seu nome registrado na árvore genealógica da família. Seu nome foi inspirado na heroína do século XIX. Seu pai escolheu o nome Malala Yousafzai e foi isso que ela se tornou.
Ela cresceu na escola de seu pai, observando-o defender os direitos de seu povo. Um dia, o lugar tranquilo onde eles moravam foi dominado pelo Talibã. A partir daí, restrições e ameaças começaram a surgir, uma delas foi a proibição de todo estudo que não fosse religioso às meninas. Malala começou a denunciar anonimamente o que estava ocorrendo no blog da BBC, mas isso não estava sendo o suficiente. Nessa época, o Talibã começou a ordenar que bombardeassem as escolas, fazendo com as crianças tivessem medo... Se elas fossem estudar poderiam morrer.
Malala resolveu então, por conta própria, denunciar publicamente tudo o que estava acontecendo. Ela e outras meninas estavam indo à escola escondidas e foi em uma dessas idas que um homem do Talibã entrou em sua van e atirou nela e em suas amigas. A bala acertou a cabeça de Malala, mas apesar da gravidade dos ferimentos, ela conseguiu sobreviver.
Então, ela resolveu seguir seu caminho na luta para ajudar milhares de meninas privadas do direito à educação. Aos 17 anos, ela venceu o prêmio Nobel da Paz, sendo a pessoa mais nova a receber essa honraria.
Infelizmente, ela e sua família são ameaçados de morte e por isso não podem voltar para o Paquistão, mas a luta continua...
Documentário "Malala":
Inspirado em seu livro "Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã", o documentário "Malala", disponível na Netflix, é belíssimo e muito inspirador. Ele mistura algumas animações bem delicadas com imagens reais, para contar a vida dessa jovem paquistanesa e, ao mesmo tempo, suavizar o impacto de sua história antes, durante e depois do ataque do Talibã.
Nele, é possível ver onde Malala morava, sua escola, amigas, algumas ações do Talibã, cenas de quando ela foi atacada, sua recuperação, o momento da indicação e premiação do Nobel da Paz, além das intervenções que ela e seu pai estão fazendo em outros países à favor da educação de várias crianças, especialmente, mas não somente, meninas.
Vejam o trailer do documentário:
O poder da educação na luta pelos direitos das mulheres:
Malala não resolveu lutar pelo direito à educação à toa. No seu documentário, vemos que as mulheres daquela região, principalmente as da idade de sua mãe ou mais velhas, não tinham o costume de ir à escola, mais do que isso, não estavam acostumadas a receber informação. A função e preocupação delas era apenas ser uma mulher honrada, decente, dona de casa, mãe e obediente aos costumes e tradições. (Que fique bem claro, de modo algum isso é algo ruim, porém essa não deveria ser a única opção das mulheres).
Malala se tornou a pessoa mais nova a receber o Nobel da Paz |
Sabem aquela história de que alguns sistemas não querem que o povo estude porque isso faz com que o mesmo comece a questionar? Então, é por aí. Quando um dos líderes do Talibã começou a falar diretamente com as mulheres, isso surtiu efeito. Elas começaram a ouvir e seguir o que ele dizia. Ele estava no controle.
Quando meninas da idade de Malala resolveram que queriam estudar, isso se tornou uma ameaça, porque através da educação você começa a ter mecanismos para contestar aquilo que você não concordar e não aceitar certas realidades impostas. Ou seja, você pode mudar sua história.
Aqui no Ocidente não é comum termos diretamente um sistema que proíba as mulheres de estudar e ameace sua própria existência, mas é muito fácil encontrar casos de mulheres que não foram encorajadas a estudar ou não tiveram as mesmas oportunidades porque tinham obrigações de casa e "não haveria necessidade de estudar tanto" porque no futuro sua responsabilidade seria apenas cuidar da casa e dos filhos. Ou até mais, ouviram que não teriam capacidade para tanto.... É por isso que é preciso lutar pelo direito à educação. Para mudar essa visão, que atrapalha há séculos inúmeras vidas.
Todas nós devemos ter o direito de escolher a vida que queremos ter sem interferência de quem não sabe como é estar em nosso lugar e merecemos ter condições para que isso ocorra.
* Malala hoje tem uma fundação e apesar de todas as intervenções e financiamentos que têm sido feitas ainda há mais de 130 milhões de meninas fora da escola. Para ter mais detalhes e saber uma forma de ajudar clique aqui.
* Malala hoje tem uma fundação e apesar de todas as intervenções e financiamentos que têm sido feitas ainda há mais de 130 milhões de meninas fora da escola. Para ter mais detalhes e saber uma forma de ajudar clique aqui.
Dia das mulheres!
Bom, eu escolhi a história da Malala por não ser só sobre a vida de uma única mulher, mas o reflexo da vida de várias. Nós somos várias Malalas espalhadas pelo mundo. Não precisamos morar em algum país do Oriente, nem levar um tiro para lutar pelo direito das mulheres. Cada mulher, assim como a própria Malala, existe, resiste, luta e acredita... Acredita que não é inferior por ser mulher, acredita que pode e consegue, que ergue a cabeça e vai a luta. Porque a nossa luta é diária e cada uma de nós, em qualquer lugar do mundo, independente de idade, nacionalidade, sexualidade, cultura, crenças, raça e posição social enfrenta vários desafios apenas por ser mulher.
Gostaria que vocês, mulheres, lembrassem sempre que nós não moramos nesse mundo de favor. Nós merecemos estar aqui porque ele também é nosso. E sendo nosso, nós devemos lutar para sermos respeitadas, valorizadas, independente de sermos o que a sociedade espera de nós ou não. Devemos erguer nossa voz, assim como tanta outras mulheres já fizeram, para mudar a nossa realidade e sermos com orgulho quem somos ou queremos ser. Se não lutarmos por nossos objetivos, sonhos e interesses, acreditem, ninguém mais irá fazer isso.
Que ser mulher não seja desculpa para diminuir nossa capacidade, mas motivo de muito orgulho pela nossa existência e força. Por fim, deixo aqui, hoje e sempre, meu sincero respeito, carinho e admiração a todas as mulheres. Parabéns pelo nosso dia. Nós merecemos!
Post feito por:
Amanda Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário